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Março Mulher: luta nas fábricas é para ampliar igualdade de oportunidades

Por Auris Sousa | 10 mar 2020

“As companheiras da JL Capacitores comandam a empresa?”. Foi com esta pergunta que a diretora Gleides Sodré abriu na sexta-feira, 6, a assembleia do Março Mulher em frente à fábrica, que tem 90% do seu quadro preenchido por mulheres. Mas, mesmo assim, a resposta foi unânime: “NÃO”.

O NÃO das companheiras ecoa pelo Brasil afora. Apesar de representarem mais da metade dos trabalhadores brasileiros (51,7%), as mulheres ainda são minoria no topo da hierarquia.

Assembleia na JL Capacitores, incentiva as companheiras a lutarem por seus direitos

Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 2019, a cada 10 diretores e gerentes, 4 eram mulheres. Além disso, o rendimento salarial delas foi de 29% menor que o deles. Com ensino superior, a diferença média do rendimento é ainda mais injusta: enquanto os homens ganhavam R$ 6.292, as mulheres ganhavam R$ 3.876.

“A gente precisa entender que o que está acontecendo, a gente precisa refletir que, em pleno século 21, no ano de 2020, tem um governo desconstruindo todas as políticas públicas que mulheres como eu, e vocês, ajudaram a construir. Enquanto isso, muitas estão caladas, na inercia, sem saber que somos nós que temos a força pra mudar isso”, destacou a diretora do Sindicato Gleides Sodré.

Contra os retrocessos, os ataques aos direitos, o caminho está na luta. “Não podemos ficar sentadas, quando todos os nossos direitos trabalhistas estão sendo excluídos. Precisamos agir, o mercado de trabalho está nos colocando em condição de trabalho escravo, degradante, e isso tem que parar”, enfatizou Gleides, que convocou as companheiras a participarem de forma efetiva da luta por melhores condições de trabalho, pela ampliação de direitos. Além disso, defendeu a efetivação da responsabilidade compartilhada.

Combate à violência em foco

Durante a assembleia, as companheiras também receberam informações sobre o combate a violência contra à mulher. “Perdemos mulheres todos os dias pelos motivos mais banais”, destacou Gleides.

De acordo com a 13º Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 263.067 casos de lesão corporal dolosa foram registrados no Brasil, em 2018. A quantidade representa, um registra a cada dois minutos.

No mesmo período, 1.206 casos de feminicídios foram registrados no país. Desse total, 88,8% dos casos o autor foi o companheiro ou ex-companheiro.

“Quem está batendo, matando as mulheres são os maridos delas, namorados, são os ex-maridos que não aceitam o não. Estamos morrendo pelas mãos dos nossos amores. Isso precisa parar. Temos que dar um basta, temos que falar a respeito, temos que estimular mais a sororiedade, que é a tal da empatia, colocar-se no lugar da outra, e prestar apoio para sair deste ciclo de violência, que pode nos levar a morte”, disse Gleides.

No final, Gleides propôs uma roda de ciranda e entoou a canção: “Companheira me ajude, que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”. Em seguida propôs um abraço coletivo, que foi, imediatamente, aderido pelas companheiras que se sentiram mais fortes e acolhidas.

“Foi ótimo. É importante que alguém abra os nossos olhos para enxergarmos além da nossa casa”, avaliou uma companheira.

Por último, o diretor do Sindicato Alex da Força, reforçou: “Durante o Março Mulher, vamos ampliar o diálogo, vamos refletir, dar e receber um abraço solidário diariamente, se acolhendo, se fortalecendo, se empoderando”.

Violência contra Mulher, Veja onde denunciar:

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher

BARUERI

Av. Sebastião Davino dos Reis, 756, Vila Porto

Fone: 4198-0522

CARAPICUÍBA

Av. Rui Barbosa, 1582, Centro

Fone: (11) 4167-2649

COTIA

Rua Turmalina, 99, Jardim Lina

Fone: (11) 4616-9098

EMBU DAS ARTES

Rua Nossa Senhora do Rosário, 287, Centro

Fone: (11) 4781-1431

ITAPEVI

Av. Pres. Vargas, 350, Jardim Nova Itapevi

Fone: (11) 4205-1821

OSASCO

R. Eloy Candido Lopes, 305, Centro

Fone: (11) 3682-4485

SANTANA DE PARNAÍBA

R. Pôrto Rico – Jardim Sao Luis

Fone: (11) 4154-4157

TABOÃO DA SERRA

Estrada das Olarias, 670, Jardim Guaciara

Fone: ‎(11) 4138-3409

DISQUE 180 – Central de Atendimento à Mulher

Outro canal de entrada de denúncias é a central telefônica Disque-Denúncia, criada pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM). A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país.

PM – DISQUE 190

Quando não há uma delegacia especializada para esse atendimento, a vítima pode procurar uma delegacia comum, onde deverá ter prioridade no atendimento. Ou pode pedir ajuda por meio do telefone 190. Nesse caso, uma viatura da Polícia Militar é enviada até o local.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07