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Vítimas do amianto terão tratamento especializado no Incor

Por Cristiane Alves | 06 jul 2017

Os trabalhadores da região de Osasco que tiveram contato com amianto em algum momento de sua atividade profissional têm agora a assistência de um ambulatório no Incor (Instituto do Coração), vinculado ao Hospital das Clínicas de São Paulo. O atendimento irá priorizar as vítimas de Osasco, que por décadas sediou fábricas como Eternit e Lonaflex, cuja principal matéria-prima era a fibra cancerígena. A boa notícia foi dada na noite de quarta-feira, 5, durante o primeiro encontro do 38º Ciclo de Debates, em Osasco, pela militante da Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), Fernanda Giannasi, e pelo médico responsável pelo setor de saúde ocupacional do Incor, Ubiratan de Paula Santos.

Familiares que tinham contato direto ou indireto com roupas e outros pertences dos trabalhadores daquelas empresas também poderão ser atendidos. Assim como trabalhadores de empresas cujos métodos de produção utilizavam amianto em alguma das etapas. Para isso, pessoas que se enquadrem neste perfil deverão procurar o Sindicato, a partir de terça-feira, 11, para mais informações sobre a elaboração do cadastrado, que será feito com a Abrea para dar andamento junto ao Incor. 

O ambulatório especializado foi possível por conta da destinação de R$ 1,6 milhão pagos pela Eternit como multa, por meio de um termo de ajuste de conduta, firmado junto ao Ministério Público, como punição, já que a empresa não informava ao SUS e ao INSS quem eram seus ex-trabalhadores que adoeceram por conta do amianto. A denúncia foi feita pela própria Fernanda Giannasi, enquanto ela ainda era auditora fiscal do Ministério do Trabalho. “Tomamos por base os acordos extrajudiciais promovidos em massa pelos advogados da Eternit para tentar liquidar o passivo de doentes e mortes”, explica. 

Com isso, a Abrea foi questionada para onde deveria ser revertido o recurso e o Incor foi o escolhido com o objetivo de prestar o tratamento necessário e com o acompanhamento devido. “A gente vai acompanhá-lo [o trabalhador], não vai ser só a primeira consulta e vai embora. Vamos orientar para exames, atender em caso de emergência”, explicou Ubiratan. 

As consequências do contato com o amianto podem levar até 30 anos para aparecerem e nem sempre o diagnóstico é certeiro. Por isso, também o ambulatório é bem vindo. “Vamos ter o tratamento que agente sempre sonhou, no SUS (Sistema Único de Saúde)”, comemora Fernanda Giannasi.

Para as vítimas e seus familiares é muito bem vinda a notícia. “É bom, mas a luta é para acabar com o amianto”, reforça Valdelei Roncadin, cujo pai, José Roncadin, faleceu em 2009, depois de sofrer com abestose, placas pleurais e mesotelioma; tudo isso por ter trabalhado na Eternit.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07