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Jorge Nazareno
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Artigo: O perigoso canto das sereias contra os trabalhadores, por Jorge Nazarenos

Por Jorge Nazareno - Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região 13 ago 2014

Na mitologia grega, o canto das sereias já fez muita embarcação naufragar em plena jornada mar afora. Não é algo muito diferente o que a CNI (Confederação Nacional da Indústria) busca com os 42 estudos e recomendações entregues aos candidatos à Presidência, em 30 de julho.

Os cadernos incluem antigos e atuais projetos do empresariado, entre eles o ideal de manter “competividade” da indústria nacional. E ai, sob a ideia de que a indústria nacional precisa se manter “competitiva”, defendem que “a modernização e desburocratização das relações do trabalho são fundamentais para o estímulo à competividade das empresas, para o aumento da produtividade e o crescimento, com equilíbrio social”.

À primeira vista, falar em “modernização” e em “desburocratização”, parece algo bom. Realmente, precisamos modernizar a forma como muitos empresários ainda hoje veem as relações trabalhistas. Mas, certamente, não é o caminho da flexibilização de direitos que vai nos permitir chegar a esse patamar.

Certamente, o caminho é o do diálogo, que tem de ser feito entre trabalhadores, governo e empresários, nos fóruns tripartites. Instâncias que historicamente contribuíram e muito com os rumos de nosso país.

Assim, tem de ser quando se quer pensar desenvolvimento, tendo em vista a Justiça social como se pressupõe.

Mas, não é o que temos visto nas últimas colocações da CNI, que veio à imprensa recentemente manifestar suas propostas, mas sem em nenhum momento colocar o trabalhador como parte na discussão. O país avançou muito nos últimos dez anos, justamente porque o
diálogo social foi colocado como premissa e o trabalhador reconhecido como ator social. E não vamos concordar que o contrário retorne.

Precisamos dialogar em favor de uma agenda a favor do Brasil. Em primeiro lugar se faz necessário relembrar que para além de tratar daquilo que tanto já se falou em relação ao tamanho do Estado, é essencial apontar as linhas gerais para um “Estado necessário”. Este
Estado precisa ser cada vez mais proativo e capaz de garantir a necessária infraestrutura nacional com níveis cada vez mais razoáveis na relação entre receita e despesa pública.

Em segundo lugar, queremos levantar bem alto a bandeira da educação. Se fazem necessários avanços na combinação de políticas como Enem, Pró Uni e valorização de uma educação técnica e tecnológica.

Em terceiro lugar, as questões em torno do mundo do trabalho precisam combinar a ratificação da Convenção 158 que trata da garantia do Emprego. Além da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário e a organização no local de
trabalho.

E, por fim, entre os pontos norteadores da agenda nacional deve se fazer presente a questão da reforma política, tendo, mais uma vez como base, a participação social.

Nós, que sempre aprendemos através do diálogo e da participação, a construir as melhores alternativas para as nossas categorias profissionais sabemos que um futuro melhor para o Brasil deverá seguir através do exercício cotidiano da participação social.

* Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região e membro do CDES (Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social)

[Artigo publicado no CDES / Link: http://www.cdes.gov.br/noticia/27069/o-perigoso-canto-das-sereias-contra-os-trabalhadores.html]

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07