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Sindicato está de olho na situação dos metalúrgicos haitianos

Por Auris Sousa | 20 maio 2015

A onda migratória de haitianos em São Paulo, que se intensificou em 2014, trouxe novas preocupações para o Sindicato: possíveis irregularidades a que possam estar submetidos estes trabalhadores na metalurgia. O número de haitianos trabalhando com carteira assinada no Brasil cresceu 18 vezes em dois anos, passando de 814 em 2011 para 14.579 em 2013, segundo pesquisa realizada pelo Observatório das Migrações Internacionais.

“A situação chegou ao ponto de encontrarmos empresas em Taboão da Serra em que já temos trabalhadores que são convencidos de ultrapassar a jornada de trabalho [de 44 horas], sem direito a horas extras. Em alguns casos, o trabalhador chega a trabalhar 12 horas por dia”, explicou o diretor do Sindicato Everaldo dos Santos, que já acionou o Ministério do Trabalho.

Nestas condições, além da jornada exaustiva, o trabalhador fica ainda mais vulnerável para contrair doença do trabalho, ou até mesmo ser vítima de acidente. Outra questão é que por não conhecerem as leis trabalhistas brasileiras estão sujeitos a terem seus direitos ignorados. Na região de Jandira, segundo o diretor Antonio Pina, tem uma fábrica que ameaçou demitir os brasileiros, para substitui-los por haitianos.

“A empresa alega que os imigrantes não reclamam de nada. Ou seja, existe um interesse das empresas de se aproveitarem dos haitianos, que chegam ao Brasil precisando de emprego, para oferecerem o mínimo de direitos possíveis. Mas não vamos aceitar precarização para nenhum trabalhador, seja brasileiro ou haitiano. Por isso estamos de olho”, ressaltou Pina.

Trabalho digno para todos – Atualmente, o idioma é a barreira principal para os imigrantes recém-chegados, já que a maioria não fala bem o português. Por isso que o Sindicato precisa da colaboração da categoria. “Todos devem ficar de olho e denunciar possíveis irregularidades. Não podemos aceitar retrocesso nas relações trabalhistas. Se a empresa desrespeitar algum direito, seja de quem for, pois se fizer com estrangeiro amanhã pode ser com você, denuncie ao Sindicato. Queremos trabalho digno para todos”, reforça Everaldo.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07