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Mandetta à CPI da covid: ‘Poderíamos estar vacinando desde novembro’

Por Rede Brasil Atual | 05 maio 2021

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse nesta terça-feira (4) aos integrantes da CPI da Covid que o Brasil poderia ter começado a vacinar sua população desde novembro. No entanto, a política externa brasileira criou entraves para o diálogo com a China, prejudicando assim a compra de insumos básicos, e mais tarde, da vacina CoronaVac.

Em resposta ao vice-presidente da CPI, senador Rodolfe Rodrigues (Rede-AP), Mandetta afirmou que os “adversários do Ministério” no enfrentamento à pandemia eram o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e os filhos do presidente Jair Bolsonaro. Mas citou apenas o nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que vivia em “rota de colisão com a China“.

Ex-ministro Mandetta: Bolsonaro foi advertido sobre o colapso, inclusive funerário

O ex-ministro relatou episódio sintomático da intensidade da aversão à China, no qual os três filhos do presidente se opuseram a um encontro com o embaixador chinês no Palácio do Planalto para tentar melhorar as relações entre os dois países. “A fazendo (a conversa) por telefone. Eles tinham dificuldade de superar essas questões devido à proximidade com o governo Trump, que chamava o novo coronavírus de ‘vírus chinês’. Aquilo dificultava muito a boa vontade do governo chinês”, disse.

Mandetta disse acreditar que o ministério ficou de fora dos fóruns realizados no âmbito do consórcio internacional Covax Facilit. Em dezembro, pelo menos 190 países já tinham aderido, mas o Brasil só fez sua adesão em março deste ano. E mesmo assim, com a cota mínima (10%) para imunizar sua população. E afirmou que a tragédia brasileira, que já matou mais de 410 mil pessoas, poderia ter sido evitada e que o Brasil poderia ter enfrentado melhor essa pandemia. “O Brasil podia mais, o SUS podia mais e poderíamos estar vacinando desde novembro passado”.

O ex-ministro negou que tenha sido pressionado a mudar posicionamento em relação ao isolamento social, mas disse ter sido “publicamente confrontado”. “O Ministério dava uma orientação e o presidente dava outra. A postura trouxe um impacto. Em tempos de pandemia você tem de ter a unidade, a fala única. O raciocínio não é individual. Esse vírus ataca educação, cultura, lazer, economia, empregos, o sistema de saúde a ponto de derrubá-lo. Houve uma ruptura. A medicina ficou dividida e as pessoas pensam ‘eu posso fazer isso’ e vou fazer dessa maneira.”

E voltou a dizer que Bolsonaro tinha todas as informações sobre a evolução e os impactos da pandemia em diferentes cenários. Ou seja, a mortalidade caso fossem tomadas todas as medidas necessárias, como o isolamento social e o uso de máscara, e no caso de nenhuma medida vir a ser adotada. “Bolsonaro foi alertado sobre o colapso na saúde e até mesmo para o colapso funerário”, disse Mandetta.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #05