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Relatório confirma que trabalhadores foram alvo da ditadura

Por Cristiane Alves | 09 dez 2014

Os trabalhadores e o movimento sindical foram o alvo primordial do golpe de Estado de 1964 e da ditadura civil-militar. Esta é uma das confirmações possibilitadas pelas investigações dos sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais que compõem o Grupo de Trabalho 13 ligado a CNV (Comissão Nacional da Verdade). O resultado do trabalho de dois anos foi apresentado a coordenadora do GT, Rosa Cardoso, que é membro da CNV, em encontro na sede do Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo, na segunda-feira, 8. O nosso Sindicato é uma das entidades que contribuiu com a elaboração do documento.

Foram levantados documentos e testemunhos que demonstram o desmantelamento praticado pela ditadura em relação organização dos trabalhadores, perseguindo militantes, cerceando a possibilidade de realização de assembleias, greves ou qualquer forma de manifestação em busca de direitos, além de intervenções nos sindicatos. No caso do nosso Sindicato, por exemplo, a primeira intervenção chegou apenas oito dias após o golpe. O Sindicato passou por nova intervenção em 18 de julho de 1968, como represália a Greve de Osasco.

Além disso, de acordo com o levantamento, 114 trabalhadores urbanos perderam suas vidas por conta da repressão.

Perseguição também exercida dentro das fábricas, com a busca de antecedentes criminais e ideológicos dos trabalhadores, chefias de segurança ocupadas por militares e pela instituição de uma disciplina militarizada na condução dos trabalhos. “Monitoravam ferozmente seus trabalhadores, fizeram congressos para que trabalhadores fossem seguidos e demitidos”, afirmou Rosa Cardoso.

O relatório também indica diversas recomendações, dentre as quais 18 foram acolhidas pela CNV, como a revisão da Lei da Anistia, a inclusão de questões referentes a direitos humanos na formação dos militares, a desmilitarização das polícias, assim como a continuidade dos trabalhos da própria comissão, entre outras.

Não só Verdade – Um dos próximos passos é trabalhar pela Justiça e reparação em relação às graves violações cometidas não só pelos militares, mas também pelas empresas. Por isso, foi aberto um diálogo com o Ministério Público, em nome da Procuradora Regional da República e Presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, Eugênia Gonzaga, para encaminhamento de providências neste sentido. “Queremos Justiça e reparação, não nos contentamos com a questão da verdade”, afirmou Rosa Cardoso.

A entrega aconteceu às vésperas da apresentação do relatório final da CNV a presidenta Dilma Rousseff, que acontece nesta quarta-feira, 10.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07